domingo, 3 de fevereiro de 2008

varanda..........

Toda pessoa é tão boa quanto é má, mas para ela essa proporção estava em desequilíbrio. Suas noites não eram mais tranqüilas, sua mente não estava mais em paz, sua alma não era mais a mesma...
Aquela seria mai uma das intermináveis noites de insônia em que seu corpo tinha necessidades que sua mente não compreendia - ou era sua mente que pedia algo que seu corpo não entendia? - a dor havia deixado de ser um medo para tornar-se um anseio.
Já passava das duas horas, a noite estava escura, silenciosa e ela estava sentada na varanda - os sons da noite a acalmavam - , os pés descansos, o corpo envolto em um fino lençol, o cigarro queimava em sua mão, mas ela já não estava mais fumando, sua mente mais uma vez entrara em um estado quase que hipnótico, era nesse momento que as coisas começavam a mudar, agora ela podia sentir o cheiro do vento, seu coração pulsava tão lentamente que mal podia senti-lo, seu corpo esta imóvel, frio, era como sentir a morte e isso a tranqüilizava, mais que isso, a satisfazia!


É saudável ser louco, mas é muito perigoso ser insano, lera isso certa vez em algum livro - mas já não se lembrava mais qual...
Como saber qual a linha que separa a loucura da insanidade?
Esse era o seu destino: descobrir como não ultrapassar essa linha!
Sua mente era composta por um turbilhão de idéias que conflitavam entre si, sua alma era habitada por uma infinidade de "eus" que ela mesma não conseguia separar.


"E o que é um autêntico louco? É um homem que preferiu ficar louco, no sentido socialmente aceito, em vez de trair uma determinada idéia superior de honra humana. Assim, a sociedade mandou estrangular nos seus manicômios todos aqueles dos quais queria desembaraçar-se ou defender-se porque se recusavam a ser cúmplices em algumas imensas sujeiras. Pois o louco é o homem que a sociedade não quer ouvir e que é impedido de enunciar certas verdades intoleráveis."
- Antonin Artaud (1896-1948)